PAULÍNIA
09 de Julho
Segunda-feira
18h00
THEATRO MUNICIPAL DE PAULÍNIA
Av. Pref. José Lozano Araujo, 1557
Parque Brasil 500 – Paulínia
Informações (19) 3933-2140
Programa
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Quinteto para cordas n° 3, em dó maior, K. 515
Allegro
Andante
Menuetto. Allegretto
Allegro
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Quinteto para clarinete e cordas
em si menor, Op. 115
Allegro
Adagio
Andantino
Con mato
Um time de peso do cenário da música clássica brasileira, o grupo reúne o violinista Pablo de León (spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo), o violista Horácio Schaefer (chefe do naipe das violas do Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e o violoncelista Roberto Ring (já integrou a Orquestra sinfônica de Campinas, a OSESP e a Orquestra de Câmara Villa-Lobos e nos últimos anos tem tido intensa atividade como músico de câmara).
Juntos desde 2001, o grupo já ultrapassou a incrível marca de mais de 600 concertos realizados no Brasil, Argentina e Chile, recebendo convidados do mundo todo, como os clarinetistas Michel Lethiec (França), Antony Pay (Inglaterra) e Romain Guyot (França); os violinistas Ilya Gringolts (Rússia), Régis Pasquier (França), Hagai Shaham (Israel), Roy Shiloah (Israel), Isabelle van Keulen (Holanda), Cärmelo de los Santos, Cláudio Cruz, e com os pianistas, Roglit Ishay
(Israel), Cristian Budu entre outros.
Para o concerto dessa noite, o trio irá apresentar-se ao lado de músicos brasileiros de destaque: a violinista Cristiane Cabral, e o violista Renato Bandel, premiado violista, integrou a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo como primeiro viola.
Completando o grupo, um dos mais importantes clarinetistas do Brasil, Paulo Sérgio Santos. Com mais de 40 anos de carreira, foi por 18 anos o primeiro clarinetista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de laneiro e atua no famoso Quinteto Villa-Lobos. Paulo Sérgio possui uma extensa discografia, muitas das quais aclamadas pela crítica, como seu primeiro CD solo – o qual recebeu o prêmio Sharp (categoria revelação), o CD “Rasgando Seda”, com seu Quinteto Villa-Lobos e o Guinga, indicado ao prêmio Grammy latino.
Nascido em Salzburgo e radicado em Viena, Wolfgang Amadeus Mozart, (1756-1791) tinha uma relação bastante especial com Praga, cujo público parecia ser o mais sintonizado com sua obra. Na capital tcheca, em 1786, estreou uma de suas sinfonias mais ambiciosas, em ré maior, K. 504 (conhecida justamente como Praga), viu suas Bodas de Figaro receberem uma acolhida muito mais calorosa do que em Viena e, na esteira desse sucesso, recebeu a encomenda de outra ópera, que seria uma de suas obras-primas: Don Giovanni.
Foi justamente no intervalo entre o êxito de As Bodas de Fígaro em Praga e a composição de Don Giovanni que o compositor resolveu retomar – em Viena, mas com Praga no coração – uma forma que não abordava há 14 anos: o quinteto de cordas, ou seja, a formação clássica do quarteto (dois violinos, uma viola e um violoncelo), acrescida de mais um instrumento. Porém, diferentemente do modelo estabelecido por Luigi Boccherini (1743-1805) – e depois seguido por Franz Schubert (1797-1828) -, em que o instrumento “a mais era um violoncelo,
Mozart prefere acrescentar uma viola.
Em O Estilo Clássico, Charles Rosen destaca que essa retomada foi bastante ambiciosa: “Ele voltou ao quinteto de cordas em 1787, e escreveu duas obras [os Quintetos K. 515 e K. 516] maiores em escopo do que qualquer coisa que Haydn jamais concebeu, mesmo para orquestra”. E ilustra: “o primeiro movimento do Quinteto em dó maior é o maior ‘allegro de sonata’ antes de Beethoven, mais longo do que qualquer outro que Mozart escreveu, ou que Haydn tinha escrito ou viria a escrever”
Em música, como em todas as artes, tamanho, sozinho, não é documento. O Quinteto em dó maior, K. 515, de Mozart, não entrou no repertório “apenas” por ser uma peça de proporções quase sinfônicas, mas devido ao apuro olímpico de sua escrita, e à confiança exuberante que cada uma de suas páginas parece exalar.
Além da viola, outro instrumento que Mozart tratou com carinho foi o clarinete. Assim como as obras de Mozart para o instrumento foram inspiradas por um amigo, o clarinetista Anton Stadler (1753-1812), Brahms se encantou com o clarinete ao conhecer de perto a arte de Richard Mühlfeld (1856-1907), um violinista que aprendeu o instrumento como autodidata, e logo se tornou líder de seu naipe na orquestra de Meiningen.
A capacidade de Mühlefeld de fazer seu instrumento cantar fez o compositor apelidá-lo de “Fräulein Klarinette” (senhorita clarinete), “minha prima-dona” e “meu rouxinol”. Imediatamente depois de ouvi-lo tocar justamente o Quinteto com clarinete de Mozart, Brahms, que vinha pensando em se aposentar da composição, inspirou-se a escrever um Trio em lá menor para o instrumento, além de seu próprio
Quinteto com clarinete.
Nas palavras de Jan Swafford, biógrafo do compositor, “agora, em sua imaginação, Brahms abraçava Fräulein Klarinette como uma mulher
e, como tantas Frauleins de antes, essa paixão celibatária inspirou-o”.
O resultado é uma obra de um lirismo nostálgico e amadurecido, como sintetiza Swafford: “no quinteto, ainda mais do que em outras obras, Brahms também demonstra, tão bem quanto qualquer outro compositor, que algo da melhor arte existe perto do limite entre sentimento e sentimentalidade, porém tem um sentido fino de onde está o limite, e de como ficar do lado certo dele”.