CUBATÃO
17 DE AGOSTO
Sábado
20h00
BLOCO CULTURAL DE CUBATÃO
Praça dos Emancipadores, s/n
Informações: (13) 3362-6269
Programa
Ludwig Van Beethoven (1840-1893)
Quarteto para cordas n° 15 em lá menor, Op. 132
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Quarteto de cordas n° 2 em lá menor, Op.51
Comemorando em 2019 dezoito anos de atividades, este time de peso do cenário da música clássica brasileira reúne o violinista Pablo de León (spalla da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo), o violista Horácio Schaefer (chefe do naipe das violas do Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e o violoncelista Roberto Ring. Juntos desde 2001, o grupo já ultrapassou a incrível marca de mais de 600 concertos realizados no Brasil.
Além disso o grupo representou a Brasil em concertos na Argentina e Chile, em concertos prestigiosos na Série Llao Llao no Alvear em Buenos Aires, no Festival Internacional de Ushuaia e na Fundação Beethoven de Santiago Já receberam convidados do mundo todo, entre eles os clarinetistas Antony Pay (Inglaterra), Michel Lethiec e Romain Guyot (França); os violinistas llya Gringolts (Rússia), Régis Pasquier (França), Hagai Shaham e Roy Shiloah (Israel), Isabelle van Keulen (Holanda), Cármelo de los Santos e Cláudio Cruz (Brasil), e os pianistas Roglit Ishay (Israel), Emmanuel Strosser, Cristian Budu (Brasil) entre outros.
Juntamente com o pianista francês Emmanuel Strosser gravaram arranjo de 1805 feito por Ferdinand Ries da Sinfonia Eroica de Beethoven.
Quando o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827), em 1801, aos 31 anos de idade, publicou seus primeiros quartetos de cordas (os seis Op. 18), a prática de escrever para dois violinos, viola e violoncelo ainda era relativamente recente. Pois habitualmente se atribui a paternidade do quarteto de cordas ao austríaco Joseph Haydn (1732-1809), professor de Beethoven, que estava vivo e ativo quando o ilustre pupilo compôs suas obras iniciais no gênero.
Se Haydn é considerado o “pai” do quarteto de cordas (não propriamente inventando a forma, mas estabelecendo o paradigma que seria seguido pelas gerações subsequentes de compositores), Beethoven revolucionou-o decisivamente. Como fez em quase todos os campos a que se dedicou (e especialmente nas sinfonias e sonatas para piano), o músico de Bonn deixou um robusto conjunto de 16 quartetos que dilatou incomensuravelmente a ambição, o escopo e a complexidade da escrita para a formação.
Dentro da revolução beethoveniana, os últimos quartetos de cordas ocupam um lugar especial. Depois de compor a Nona Sinfonia, em 1824, Beethoven dedicou os dois anos e meio que lhe restavam de vida quase que exclusivamente à composição de quartetos: Op. 127, Op. 130, 0p. 131, Op. 132, Op. 135 e Grande Fuga (Op. 133). Como se, após a sinfonia extrovertida e monumental, com uma grande mensagem pública de congraçamento da humanidade, o compositor agora precisasse se voltar para si mesmo.
Isolado do mundo pela barreira da surdez, Beethoven tomava o caminho da experimentação, da pesquisa de linguagem, criando obras visionárias que uniam a mais elevada especulação intelectual à expressividade mais profunda e pessoal. 13° quarteto de Beethoven pela ordem de composição, e 15° pela de publicação, o Op. 132 faz parte da
Finca que o compositor escreveu a pedido do príncipe russo Nikolas Galitzin. Extremamente compensadora do ponto de vista artístico, a encomenda de Galitzin revelou-se prejudicial do ponto de vista financeiro: após enviar um adiantamento ao compositor, o fidalgo só pagaria a conta a Karl, sobrinho do músico, 25 anos após o falecimento de Beethoven, em 1852. Em cinco movimentos (em vez dos quatro que eram convencionais naquela época), a obra estreou em 1825, em Viena.
Se algumas criações tardias de Beethoven escaparam à compreensão de seus contemporâneos, e só foram entendidas pela posteridade, essa teve aceitação imediata: há relatos de gente chorando na estreia, e o êxito foi tamanho que uma nova performance foi mar-cada, dois dias depois.
Em uma obra-prima desse quilate, é difícil escolher um pedaço ou trecho de maior relevância. Não parece despropositado afirmar, contudo, que o centro de gravidade do quarteto é seu terceiro e mais longo movimento, intitulado Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der lydischen Tonart (Sagrada canção de ação de graças à divindade, em modo lídio).
Se esse trecho tem um personagem, é o próprio Beethoven, convalescendo de uma doença. Para não deixar dúvidas do caráter confessional da obra, o compositor coloca, em meio ao hino solene e etéreo, episódios alegres de dança, que ele chama de Neue Kraft fühlend (Sentindo força nova). Debruçando-se sobre uma experiência pessoal e individual.
Beethoven soube transfigurá-la em um artefato estético de caráter universal, e infundir em todos os ouvintes de seu quarteto o júbilo da força nova que o invadia com a convalescença. O Quarteto Op. 132 e uma obra restauradora.